domingo, 20 de janeiro de 2013

Dividendos: É Possível Viver Deles?

Essa imagem possui uma ligação sutil com o post. Só os inteligentes entenderão...


Muito se discute sobre esse assunto, o qual é extenso e é tema de vários artigos e estudos. Afinal, qual a real importância dos dividendos? Se eles são tão importantes, por que os grandes players não compram apenas papéis com DY alto? É correto comparar DY com CDI, SELIC, IPCA e outras merdas?!

Suponha um investidor com patrimônio de R$ 5 milhões em ações com DY médio de 5% a.a, o que lhe rende R$ 250 mil de dividendos anuais. Num primeiro momento, qualquer pessoa irá comparar esse DY com o ganho de um investimento de baixo risco. Não seria melhor alocar o patrimônio em títulos do governo, com a taxa SELIC atual em 7,25% a.a? Ou alocar em imóveis e FIIs? Por que se sujeitar ao risco do mercado acionário para ganhar menos do que  renda fixa, mesmo considerando um IR de 15% sobre o lucro?

Considero o pagamento regular de dividendos crescentes ao longo do tempo um excelente indicativo de saúde e boa gestão de uma empresa. Eles também proporcionam o efeito de juros compostos ao serem reinvestidos em mais ações, criando o conhecido efeito "bola de neve". Veja o gráfico abaixo:


Os 140 anos de dados históricos do mercado americano não deixam dúvidas: reinvestir os dividendos é obrigatório e tem o potencial de aumentar o patrimônio exponencialmente.

Porém, apenas dividendos, mesmo que altíssimos (ELPL4 com seu DY de 25% aa!), não tem o poder de te deixar rico. É necessário que haja ganho de capital para que renda variável seja mais atrativa que a renda fixa, ou seja, um prêmio de risco, já que o mercado de ações é mais arriscado (há um nome técnico que não me recordo). Para que haja esse ganho, as empresas que compõem uma carteira devem apresentar lucros crescentes e consistentes ao longo dos anos. Os lucros potenciais de turnarounds e startups também proporcionam ganho de capital, mas como essas empresas não pagam dividendos, elas não são o foco desse post (e nunca serão, pois eu não curto). É dos bons fundamentos que vem o ganho de capital, pois no longo prazo cotação e lucro caminham juntos, para baixo ou para cima. Veja USIM5:



 Não confundam cotação diária com o gráfico acima. No curto prazo, o preço reflete notícias e especulação. O verdadeiro B&H ignora isso e analisa balanços, preferencialmente somente os anuais. No longo prazo, há outros fatores que pesam, mas o lucro é o mais importante deles. Quando a empresa é lucrativa, não importa o PL alto (AMBV4) ou a gestão (PETR4 durante o último bull market): a cotação irá subir, proporcionando simultaneamente ganho de capital e aumento dos dividendos pagos.

Logo, a comparação pura e simples do DY com qualquer índice reflete despreparo do inverstidor sobre como escolher uma empresa para investir. Respondendo a questão proposta: sim, é possível viver de dividendos, mas esse é um processo que levará MUITOS ANOS até acontecer, sendo que os balanços das empresas NUNCA poderão ser ignorados. Não existe esse negócio de relaxar a beira da piscina e esperar os dividendos caírem na conta. Uma vez que alguém investe na bolsa, essa passa a ser uma profissão e requer estudo e aperfeiçoamento constantes. Definitivamente, isso não é para qualquer cidadão que se acostumou com a era dos juros estratosféricos.

Construir uma carteira unicamente baseada em dividendos é ERRADO! A política de dividendos pode mudar devido a algum investimento relevante, ou o lucro das empresas pode cair devido a inúmeros fatores (concorrência, governo, fraudes, crises internacionais, calendário maia etc). O ideal é ter uma carteira diversificada entre empresas boas pagadoras de dividendos e empresas de crescimento, além da diversificação intra e intersetorial.




Um abraço a todos!


" Os juros compostos são a força mais poderosa do universo."
- Albert Einstein -


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Proventos Recebidos 2012 - Fritada do Pobretão de Vida Ruim

Sim, um dia irei depositar meus dividendos na poupança...        

É isso aí moçada de meu reinado blogosférico!!!

Como todos sabemos, um dos objetivos de investir em ações para o longo prazo é o de ter as despesas custeadas pelo recebimentos de dividendos. Minha carteira é balanceada entre pagadoras de dividendos (VIVT3 e TBLE3) e empresas de crescimento (PETR4, GGBR4 e BBDC4), além de outras que mostraram um perfil misto (CCRO3 e CIEL3). Considero um bom balanceamento, mas longe do objetivo final e ainda mais longe de prover o padrão que almejo.

Segue a tabela com os proventos recebidos em 2013:



Entre JSCP e dividendos, o total foi de R$ 10.465,08, o que equivale a um aumento de 6,53% de meu salário atual. A meta é dobrar meu salário. Futuramente, esses proventos serão compostos também por juros da renda fixa e de aluguéis de imóveis/FIIs.

Abaixo, outra tabela que pretendo utilizar para acompanhar a evolução dos proventos pagos pelas empresas ao longo dos anos, juntamente com a rentabilidade anual das mesmas. Coloquei dois PYs: um com base no capital investido e outro com base na última cotação do ano. O ideal é esses valores subirem ao longo dos anos.



O Payout Yield está em torno de 4%, o que não é espetacular, mas é satisfatório. Alguns comentários sobre os papéis:

TBLE3: possui o maior PY e ainda apresentou uma valorização de 17,83%, mesmo em ano de abalo no setor elétrico. Vejo essa empresa com excelente perspectiva de crescimento.

CCRO3 e CIEL3: um show a parte. Apresentaram forte valorização aliada a um bom PY.

GGBR4: valorização robusta de 25,60%, mesmo não estando em sua melhor fase.

BBDC4: bom desempenho, mas nada além do esperado.

VIVT3: aparece em vermelho, pois usei a cotação do início do ano, em vez da cotação de entrada. Mas encerrei VIVT4 com prejuízo, logo essa empresa ainda não me deu retorno. O PY é ótimo, mas esse setor de telefonia possui péssima governança. Gosto de ter empresas de serviços públicos essenciais e meu plano era aportar 20% nesse setor, mas já estudo dividir esse percentual com o setor de abastecimento de água, o qual possui empresas muito boas, além de uma diversificação intra com outra telefônica.

PETR4: ah, petrolina... não adianta, enquanto os resultados do pré-sal não vierem, ela é quase uma OGX. Vai experimentar muita volatilidade. O preço do papel está há um bom tempo descontado do valor patrimonial. Vamos comprando e mantendo o percentual baixo em carteira.

Acredito que esses dados podem ser melhor compreendidos e discutidos com o fechamento de 2013. Aceito críticas e sugestões para melhorar o controle.

Para terminar, segue uma ilustração sobre como nosso querido amigo Pobretão enxerga o caminho para a IF:


Pode fazer all-in em ELPL4, but shit happens...


Um abraço!