sábado, 7 de junho de 2014

A Armadilha da Renda Média


Série Musas da Copa: será que o Poney lambedor de focinho rosado vai aprovar essa? rs


Lendo os debates sobre economia na Blogosfera e também participando em alguns círculos sociais, percebi que muitas pessoas possuem uma visão bastante incompleta sobre determinados assuntos. Há uma tendência natural ao exagero e crença infundada quando se trata de notícias e perspectivas futuras negativas. Por outro lado, a memória curta  faz sempre parecer que o presente é pior do que o passado. Por exemplo, poucas pessoas se lembram que o último ano do mandato de FHC foi marcado por uma inflação de 12,50% aa, porém, atualmente, Dilma é acusada de ser excessivamente tolerante com a alta dos preços, mesmo entregando uma inflação de 5,91% aa em 2013.

A situação enfrentada pela economia brasileira foi batizada de armadilha da renda média e já dura umas 4 décadas. O objetivo do post, então, é mostrar, de forma sintética, como os pessoas são superficiais quando culpam isoladamente qualquer governo pelo quadro de baixo crescimento econômico do País.

Mas o que é armadilha de renda média?

Basicamente, é a região onde um país deixou de ser pobre, mas ainda está muito distante das nações mais ricas. Ela ocorre após nação experimentar uma fase de grande crescimento econômico, deixando a armadilha da pobreza, para então adentrar uma situação onde não consegue mais alterar sua renda.


Brasil está próximo ao topo, mas ainda preso à faixa de renda média

Após a Segunda Guerra Mundial, durante a Era de Ouro do Capitalismo, o Brasil experimentou a fase da decolagem, ao sair da fase da pobreza, crescendo a taxas médias de 7% aa até 1960, entrando na renda média. O motor desse crescimento foi a mão-de-obra farta e barata, acompanhado de intenso êxodo rural e altos retornos decorrentes de acumulação de capital.

Entretanto, a mão-de-obra começou a ficar mais cara e menos abundante na década de 1970, período marcado por diversos acontecimentos internacionais (fim dos acordos de Bretton Woods, crise do petróleo, aumento no consumo de produtos manufaturados, etc). Logo, o Brasil se viu em uma situação difícil, pois começou a enfrentar problemas de competição internacional em setores de menor valor agregado e também não avançou para o patamar seguinte, por não possuir inovação tecnológica suficiente para competir com os países mais desenvolvidos. Um quadro difícil de ser superado e que dura até os dias atuais, levando a um crescimento muito abaixo do verdadeiro potencial (ou até queda) do país.

A Coréia do Sul é o exemplo clássico de país que escapou da armadilha. Há 40 anos, começou a investir massivamente e ininterruptamente em educação de base e tecnologia, incentivando o capitalismo inovador. O Brasil, ao contrário, apostou em forte intervencionismo e protecionismo, resultando em inchaço estatal e relegando a educação a uma situação marginal. Houve pontuais mudanças na década de 90 e 2000, porém insuficientes para dar forças a um crescimento robusto e constante, graças aos graves entraves burocráticos impostos a classe empreendedora.



É possível notar os sinais do esgotamento do modelo atual baseado em incentivo ao consumo, porém com baixa produtividade e aumento do custo da mão-de-obra. Os rolezinhos e os protestos por aumento salarial de dezenas de categorias, além da "fuga de cérebros" - tanto para fora do país quanto para o serviço público, consequência do inchaço estatal -, são sinais claros de que há uma grande demanda reprimida no país. O gargalo é justamente a tecnologia, que para se desenvolver requer trabalhadores mais especializados com nível superior. A maior intervenção na economia e a sensação de que vivemos uma "ditadura disfarçada" é consequência da fase de declínio experimentada pelo Brasil pós-2008.

Existe solução?

A resposta é sim, mas não existem fórmulas prontas. Seguir o roteiro da Coreia em nada garante que nos tornaremos uma economia rica. Ou alguém acha que a Samsung vai observar a ascensão de uma indústria genuinamente brasileira de celulares e ficar parada? Onde está a fábrica de semicondutores que seria instalada pelos japoneses? Capitalismo é baseado em competição e meritocracia. Não será nada fácil competir com economias já estabelecidas.

Mesmo que o Brasil invista em massivamente em educação (não apenas em formação superior como tenta fazer atualmente) e inovação tecnológica, existem muitas forças internas contrárias ao movimento. São os "monstrinhos" criados pelo modelo intervencionista predominante, como a dificuldade para contratar e dispensar empregados causados pela política trabalhista altamente paternalista. Os privilégios do funcionalismo público encarecem e incham o aparelho estatal, roubando cérebros, como dito acima. Por que diabos algum engenheiro vai se arriscar na atividade empresarial se pode prestar concurso público com estabilidade e salário inicial de R$ 12.000?

Conclusão

O cerne da questão é a mentalidade arcaica do brasileiro quando se trata de aceitar desafios. Tendemos a acreditar que é possível enriquecer num cenário estagnado. Não é. Ou o país muda, ou as coisas vão ficar feias por aqui. Não é possível alcançar um patamar de vida elevado a custa de elevadas taxas de juros, educação de baixa qualidade, instituições públicas obsoletas, previdência pública excessivamente assistencialista e política que beira ao coronelismo, com corrupção generalizada. Porém, mudar tantos paradigmas - e com rapidez - requer medidas extremamente impopulares. Não é coincidência que ninguém ousa fazer profundas reformas políticas, tributárias, previdenciárias, trabalhistas e educacionais. Ao escolher privilegiar pequenos grupos, o País se autossabotou numa espiral de troca de favores particulares em detrimento de uma consciência de grupo. Logo, jogar a culpa na ditadura militar ou em qualquer partido isoladamente é falta de visão histórica do processo com um todo.

A mudança será dolorosa, mas deve ser abraçada por todos.

Onde isso influencia minha decisão de investimentos?

Mesmo sem saber se escaparemos da armadilha, acredito ser possível se preparar para alguns cenários. Apesar de ter uma visão otimista, creio que passaremos por um período de mudanças drásticas. Pessoalmente, creio até mesmo que uma nova constituição poderá surgir, pois a autonomia política municipal é extremamente cara e danosa ao País. Portanto, diante de um futuro nebuloso e incerto, com a possibilidade de reformas profundas (elas deverão acontecer, mas não sabe quando), não me sinto seguro para alocar muito dinheiro em títulos públicos de longuíssimo prazo, como 2035 e 2050. Farei um mix de títulos pré e pós com vencimento máximo de 10 anos, com um pequeno percentual em títulos de longuíssimo prazo. Por outro lado, minha alocação em setores ligados a commodities não ultrapassará 15% da carteira de ações ou 4% do patrimônio total.

Com o fim das benesses do setor público, também será necessário desenvolver outra atividade paralela. Dificilmente minha função será atingida, por se tratar de serviço essencial, mas nada é impossível. Logo, devo continuar aportando violentamente, abrindo mão de trocas de veículos e viagens internacionais, mantendo apenas as despesas essenciais (lazer e GPs). Casamento deverá ser única e exclusivamente por separação total de bens, no caso de mulher de nível salarial igual ou inferior, ou comunhão, no caso de uma de família rica aparecer (muito difícil). Sim, irei aportar com o dinheiro da noiva, a la Viver de Renda.




Um abraço!


domingo, 1 de junho de 2014

Atualização Mensal - Maio de 2014

A única utilidade do futebol são as musas gostosas!

Nobres companheiros de Blogosfera,

Chegamos ao mês da Copa do Mundo no Brasil e o mercado acionário brasileiro está simplesmente de lado, bem como minha carteira. O mês de maio começou com uma bela alta e achei que fosse bater nos 550k. Porém, nas últimas duas semanas azedou tudo e fechei no vermelho. No curto prazo, isso é bem chato, mas temos que focar no processo: montar uma carteira com empresas lucrativas e consolidadas. Para tanto, não há nada melhor do que um mercado de lado. É interessante notar que o Ibov, apesar de não estar andando, não quer dizer ele esteja "calmo". Pelo contrário, a alta volatilidade de alguns setores, especialmente do financeiro, estragou um dos  meus lançamentos cobertos esse mês. Pelo menos não houve prejuízo, somente zerei a posição praticamente no break-even (BE) por precaução.

Tenho sumido ultimamente, pois os ótimos posts que o pessoal da Blogosfera tem produzido praticamente tornam desnecessária a minha presença. São posts filosóficos, técnicos, textos ótimos sobre FIIs e até mesmo dicas sobre dietas e som de carro (valeu Thales!). O que essa comunidade está fazendo vai render muitos frutos a longo prazo para quem acessá-la. O mais interessante é que o nível de tosquices é quase zero, graças à limpeza que El Rei Troll fez no início dos tempos. Infelizmente, o blog do Fake de Vida Boa continua lá, mas espero que em breve ele encontre justiça pelas besteiras que dissemina. Continuem assim, Discípulos d'El Rei!

Show the numbers, Your Grace!

"mimimi... evolução projetada... mimimi" - Não enche o saco porra!

Fechei o mês levemente positivo em +0,27%, graças ao aporte de R$ 7.000. Se deduzir esse montante, chega-se a uma rentabilidade mensal de -1,05%, ficando o anual sem aportes em +2,21%. Ou seja, o patrimônio está subindo carregado pelos aportes, pois o mercado acionário ainda não ajudou em nada. Do jeito que as coisas estão, fico feliz se o mercado não atrapalhar. O único papel que contribuiu de forma contundente para a queda foi BBDC4, despencando -5,87%, logo após eu zerar minha posição vendida em opções no BE... kkkk!

Como caminha na rua alguém com mais de 500k em ações...
Posição atual da carteira d'El Rei:


 


Resumo:
Aporte do mês: R$ 7.000,00
Proventos: R$ 2.867,75 (BBDC4, GGBR4, VIVT3 e GGBR4) - média mensal em 2014 igual a 16,58% do salário - meta: 100%
Bruto com opções: lucro de R$ 600 (ganhos em GGBRF45 e PETRF21. BBDCF37 zerada por precaução a 0,50). Posição aberta em GGBRG45 (0,17).
Compras: 600 GGBR4 a 14,41.
 
Não deixem de conferir o ranking de meu Guardião-Mor, aqui.
 
Um abraço d'El Rei!
 
"Tenho paciência e penso: todo o mal traz consigo algum bem."
- Ludwig van Beethoven (1770 - 1827), compositor e pianista alemão considerado um dos pilares da música ocidental -