Delegada gaúcha Andréa Nicotti |
Súditos de minha Blogosfera!
Há um bom tempo desejo escrever sobre concursos. Como todos sabem, os funcionários públicos tem muitas garantias e privilégios, inclusive constitucionais. Entendo que muitas dessas garantias são necessárias para o exercício impessoal da função pública, ao passo que outras realmente poderiam ser dispensadas. Não vou direcionar a postagem para um discussão filosófica sobre o que é melhor para o País. Deixo isso para outra ocasião. Sei que cabaços acéfalos que passaram a adolescência matando aula irão aparecer para criticar o funcionalismo. Sinto muito se vocês passaram a juventude apenas jogando bola, soltando pipa e ridicularizando o pessoal da primeira fileira na escola. Pois é, eu sentava na primeira fileira. Hoje estou aqui: funcionário público top of mind e El Rei da Blogosfera!
O caminho é menos complicado do que imaginam. Porém, pode ser mais dolorido que unha encravada se você não se organizar e não tiver foco. Passar em concurso é como um investimento de longo prazo: sacrifica-se o presente para colher os frutos no futuro!
Como o assunto é um pouco longo, decidi fazer uma série de postagens. Assim, cada postagem não ficará demasiadamente longa, além de ser possível postar mais
Por que ser funcionário público?
Sim, você precisa saber responder essa pergunta antes de decidir estudar. Muitas pessoas pensam apenas na estabilidade. Outras associam o serviço público ao velho estereótipo do funcionário encostado, bem remunerado para fazer uma função simples, o que não considero uma vantagem de forma alguma. O ser humano evolui e amadurece com desafios e situações novas. A estagnação profissional fatalmente conduz qualquer pessoa à frustração profissional, cujos reflexos negativos podem ser percebidos na falta de cuidado com a saúde, no desânimo e até na desestruturação familiar. Não fujam dos desafios: abracem-nos!
As principais vantagens que considero no funcionalismo de maneira geral são a estabilidade, a aposentadoria, mesmo com as reformas, e o salário acima da média brasileira, inclusive para os cargos de nível médio.
Ter o salário garantido todo o mês e a quase certeza de que nunca ficará desempregado traz uma tranquilidade sem igual! Na minha opinião, é a maior vantagem de todas!
A aposentadoria vem passando por reformas ao longo dos anos, pois o regime antigo era quase uma Telex Free de tão insustentável. Mas, atualmente ainda é possível se aposentar com 60/55 anos de idade e 35/30 anos de contribuição e proventos integrais. Pessoalmente, não conto com nenhum regime de previdência, pois não se pode prever o futuro. Merda pode acontecer a qualquer momento. Quem garante que o Brasil não vai passar por outra ditadura? E se um lunático chegar ao poder e resolver foder com meio mundo? Logo, julgo que o ideal é sempre poupar e investir, com o objetivo de ter de duas a três fontes de renda e jamais depender somente da aposentadoria quando não se puder mais trabalhar.
O salário acima da média é outro forte atrativo. Em alguns poucos casos, realmente dá para ficar rico somente sendo funcionário público, como práticos, alguns desembargadores e tabeliães. Recentemente, até o jornal The New York Times citou que o funcionalismo público é uma das formas de enriquecer no Brasil. Porém, também vislumbro que essa situação de salários milionários está com os dias contados, o que é ótimo para o País. Mesmo assim, há carreiras típicas de Estado que sempre serão muito bem remuneradas, como juízes, embaixadores, analistas, autoridades fiscais e policiais federais. São carreiras com altíssimo valor social e grande poder de melar tangas femininas à distância.
Não menos importante, é a isonomia dos concursos públicos tops. Qualquer pessoa pode fazer, com raríssimas exceções. Pobre, rico, preto, branco, feio ou bonito, basta passar na prova e se tornar exímio abridor de pernas.
Como desvantagens, creio que o perigo da estagnação profissional já citada, além da falta de estímulos ao aprimoramento profissional e a meritocracia deficiente - com progressão funcional automática - são mazelas que quase nunca são lembradas por quem planeja ingressar num cargo público. Lembram da estabilidade? Pois é, você, que cumpre horário e busca sempre estar atualizado, faz seu trabalho com dedicação, inclusive dedicando tempo livre a ele, terá as mesmas garantias daquele funcionário fanfarrão, que não quer nada, chega tarde, vai embora cedo, demora meses para concluir uma tarefa, mesmo sabendo que muitas pessoas dependem dele! A estabilidade, que garante que um funcionário top execute suas funções sem pressões políticas externas, acaba se tornando um escudo para esses péssimos exemplos.
Executar aquela função que tem um grande status social pode não ser tão bonito na prática, sabia? Muitos funcionários estudaram mais de 20 matérias exaustivamente para o concurso, fizeram prova oral, teste físico, psicotécnico, etc. Porém, na prática são meros carimbadores de processos. Sabia que tem muito juiz que não lê o processo que julga? Quer coisa mais frustrante? Para ocupar uma mente tão ociosa, somente uma segunda atividade. Já vi funcionário top tocando violão na noite por cachê simbólico. A mente deve estar sempre ativa.
E também convém desmistificar a imagem do funcionário vagabundo. Ok, existem os jacarés em cima de árvores, mas também há muitos lugares onde se trabalha tanto ou mais que na iniciativa privada. Sabiam que eu NUNCA recebi um centavo de hora extra? E olha que já fiz muitas!
Por tudo isso, reflita sobre o que deseja no serviço público. Se for apenas um canto para se encostar, isso certamente terá um preço alto. Mas se você busca vantagens inexistentes na iniciativa privada, aliadas aos altos salários e status de um funcionário top of mind, e convertendo essas regalias em trabalho sério e respeito aos cidadãos, que é o que a sociedade espera de você, o próximo passo é a escolha do cargo. Mas isso vai ficar para o próximo post...
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"A diferença entre o sonho e a realidade é a quantidade certa de tempo e trabalho."
- William Douglas, juiz federal e escritor -