Essa imagem possui uma ligação sutil com o post. Só os inteligentes entenderão... |
Muito se discute sobre esse assunto, o qual é extenso e é tema de vários artigos e estudos. Afinal, qual a real importância dos dividendos? Se eles são tão importantes, por que os grandes players não compram apenas papéis com DY alto? É correto comparar DY com CDI, SELIC, IPCA e outras merdas?!
Suponha um investidor com patrimônio de R$ 5 milhões em ações com DY médio de 5% a.a, o que lhe rende R$ 250 mil de dividendos anuais. Num primeiro momento, qualquer pessoa irá comparar esse DY com o ganho de um investimento de baixo risco. Não seria melhor alocar o patrimônio em títulos do governo, com a taxa SELIC atual em 7,25% a.a? Ou alocar em imóveis e FIIs? Por que se sujeitar ao risco do mercado acionário para ganhar menos do que renda fixa, mesmo considerando um IR de 15% sobre o lucro?
Considero o pagamento regular de dividendos crescentes ao longo do tempo um excelente indicativo de saúde e boa gestão de uma empresa. Eles também proporcionam o efeito de juros compostos ao serem reinvestidos em mais ações, criando o conhecido efeito "bola de neve". Veja o gráfico abaixo:
Os 140 anos de dados históricos do mercado americano não deixam dúvidas: reinvestir os dividendos é obrigatório e tem o potencial de aumentar o patrimônio exponencialmente.
Porém, apenas dividendos, mesmo que altíssimos (ELPL4 com seu DY de 25% aa!), não tem o poder de te deixar rico. É necessário que haja ganho de capital para que renda variável seja mais atrativa que a renda fixa, ou seja, um prêmio de risco, já que o mercado de ações é mais arriscado (há um nome técnico que não me recordo). Para que haja esse ganho, as empresas que compõem uma carteira devem apresentar lucros crescentes e consistentes ao longo dos anos. Os lucros potenciais de turnarounds e startups também proporcionam ganho de capital, mas como essas empresas não pagam dividendos, elas não são o foco desse post (e nunca serão, pois eu não curto). É dos bons fundamentos que vem o ganho de capital, pois no longo prazo cotação e lucro caminham juntos, para baixo ou para cima. Veja USIM5:
Não confundam cotação diária com o gráfico acima. No curto prazo, o preço reflete notícias e especulação. O verdadeiro B&H ignora isso e analisa balanços, preferencialmente somente os anuais. No longo prazo, há outros fatores que pesam, mas o lucro é o mais importante deles. Quando a empresa é lucrativa, não importa o PL alto (AMBV4) ou a gestão (PETR4 durante o último bull market): a cotação irá subir, proporcionando simultaneamente ganho de capital e aumento dos dividendos pagos.
Logo, a comparação pura e simples do DY com qualquer índice reflete despreparo do inverstidor sobre como escolher uma empresa para investir. Respondendo a questão proposta: sim, é possível viver de dividendos, mas esse é um processo que levará MUITOS ANOS até acontecer, sendo que os balanços das empresas NUNCA poderão ser ignorados. Não existe esse negócio de relaxar a beira da piscina e esperar os dividendos caírem na conta. Uma vez que alguém investe na bolsa, essa passa a ser uma profissão e requer estudo e aperfeiçoamento constantes. Definitivamente, isso não é para qualquer cidadão que se acostumou com a era dos juros estratosféricos.
Construir uma carteira unicamente baseada em dividendos é ERRADO! A política de dividendos pode mudar devido a algum investimento relevante, ou o lucro das empresas pode cair devido a inúmeros fatores (concorrência, governo, fraudes, crises internacionais, calendário maia etc). O ideal é ter uma carteira diversificada entre empresas boas pagadoras de dividendos e empresas de crescimento, além da diversificação intra e intersetorial.
Um abraço a todos!
" Os juros compostos são a força mais poderosa do universo."
- Albert Einstein -